Ó grande poeta!


Nasceu a 15 de Setembro de 1765 em Setúbal e faleceu a 21 de Dezembro de 1805 em Lisboa o poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage. Filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa e da segunda sobrinha da poetisa francesa madame Marie Anne Le Page du Bocage, tradutora do Paraíso de Milton, imitadora da Morte de Abel, de Gessner, autora da tragédia As Amazonas e do poema épico em dez cantos A Columbiada, obras que lhe valeram a coroa de luros de Voltaire e o primeiro prémio da Academia de Rouen. Foi com o padre espanhol D.João de Medina que Bocage aprendeu a lingua latina, quando estava em voga a educação humanista. Ele admirava sobretudo a poesia de dois poetas: José Abnastácio da Cunha e José Monteiro da Rocha.
No ano de 1779, apenas com 14 anos de idade, Bocage vai para Lisboa estudar numa instituição criada pelos conselheiros da rainha D.Maria I: a Academia real de Marinha. Aí recebe a sua formação científica durante sete anos e escreve algumas poesias.
A 14 de Abril de 1786, embarca para a Índia como oficial da marinha e regressa a Lisboa em meados de 1790. É convidado a integrar a Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, e torna-se conhecido pelo pseudónimo de Elmano Sadino. Aí começa a escrever sátiras e é bem conhecido pelo seu carácter anedótico e mordaz. Esta é a sua época de maior produção literária: em 1971 foi publicada a primeira edição das Rimas. Depois de ter estado preso desde 7 de Agosto de 1797 até 14 de Novembro do mesmo ano no Limoeiro, tendo passado pela Inquisição e pelo Real Hospício das Necessidades e pelo Convento dos Beneditinos, só sai em liberdade no último dia do ano de 1798. Durante o período em que esteve detido, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar como redactor e tradutor. Em 1800 é apresentada a tradução do livro de Delille, Os Jardins ou a arte de Afformosear as Paisagens.

Retrato Próprio

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figurs,
Nariz alto no meio, e não pequeno.

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deiades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades;

Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades;
Num dia em que se achou mais pachorento.

Bocage

Comentários

Susana Alves disse…
O auto-retrato do verdadeiro artista :D

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