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A mostrar mensagens de dezembro 2, 2012

Eurídice

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Agora, são as Fúrias que me dilaceram. O que de ti me deram os deuses infernais, não era teu. Sombra de um sonho que já não vivias, em vez de iluminar, enegrecias o caminho de Orfeu. E fitei-te nos olhos, luzes mortas. Caronte abrira as portas da minha perdição. Todos os condenados, libertados no momento supremo do meu canto, regressavam ao pranto                                         da condenação. E eu próprio ia arrastar a minha pedra de desassossego. E eu próprio ia ter sede e fome, eternamente. Eu próprio recebia, no espírito e na carne, o beijo enraivecido das Iras, que não perdoam a nenhum mortal as divinas mentiras  que o amor desmascara, por seu mal. Miguel Torga, Orfeu Rebelde (pp.62-63) Imagem: Camille Corot. (1861). Orfeu Guiando Eurídice desde os Infernos ( http://www.taller54.com/orfeo.htm )