Os Etruscos

    «Pelo ano 700, a civilização da primeira era do ferro dá origem, na Toscânia, a uma civilização brilhante, de tipo orientalizante. O povo etrusco fazia assim a sua aparição na península italiana. As suas origrens são complexas; segundo a tradição de Heródoto, talvez um núcleo de navegadores tenha partido da Ásia Menor, instalando-se nas costas tirrenas. A sua linguagem ocupa um lugar à parte entre as famílias linguísticas. Leêm-se facilmente os textos toscanos, escritos num alfabeto derivado do alfabeto grego, mas compreendem-se dificilmente. O grande período da civilização dos Etruscos situa-se nos séculos VII, VI e no início do século V a.C. A sua marinha rivalizava então com as frotas cartaginesa e grega. No século VI, ocuparam o Lácio e a Campânia, no século V a planície do Pó. De 600 a 475 a.C., aproximadamente, Roma apresenta, em muitos aspectos, um ar etrusco. No entanto, a decadência da Etrúria foi rápida. Perde o Lácio e a Campânia no século V, a planície do Pó é ocupada pelos Celtas no século seguinte. E em breve, mesmo a sua independência desaparece sob os golpes de Roma, no século II a.C. Contudo, a civilização etrusca só desaparece pouco tempo antes de César. Fora caracterizada sobretudo por uma religião de aspecto oriental, muito afastada do paganismo greco-romano. Livros sagrados ensinavam uma doutrina sagrada complexa sobre as relações entre os deuses e o mundo e sobre o destino do mundo. Um poderoso colégio de sacerdotes, os arúspices, muito versados na arte divinatória, presidia à vida religiosa do povo. A arte atrusca deixou atrás de si inúmeros vestígios de uma produção muito diversa e muitas vezes de primeira ordem. Foi constantemente e profundamente influenciada pela arte helénica, mas apresenta, contudo, um aspecto próprio, devido ao gosto profundo pela estilização e, pelo menos na época tardia, pelo realismo. A civilização romana acolheu, por sua vez, um certo número de institutições, de termos, de tendências e de gostos que lhe foram legados pelos etruscos.»

GRIMAL, Pierre. (1993). A Civilização Romana. Lisboa: Edições 70.

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