Soneto XCVIII

De ti me separei na primavera:
quando o risonho abril, ao sol voando,
em cor e luz, a plenas mãos, cantando,
nova alegria entorna pela esfera...

No viridente bosque até dissera
o pesado Saturno ver folgando...
Porém nem cor vistosa ou cheiro brando
lograram incender minha quimera.

A brancura dos lírios, não a vi...
O vermelhão das rosas desmaiava...
Eram fantasmas só... ao pé de ti
... o seu modelo... quanto lhes faltava!

Par´cia inverno; e eu, a viva alfombra,
Só pude imaginá-la a tua sombra.
                        
                                           William Shakespeare, (trad. de Luís Cardim),
Colóquio Letras n.º 168/169, julho de 2004, pp. 174-175.

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