C. Plínio ao seu amigo Sósio Senecião

Este ano trouxe-nos grande abundância de poetas. Em todo o mês de Abril quase nenhum dia houve em que alguém não lesse a sua produção. Sinto-me feliz, porque florescem estes estudos, porque desabrocham e aparecem à luz do dia as capacidades dos homens, embora se vá para as audições com uma certa relutância. Muitos ficam sentados nos locais de convívio e passam o tempo da audição em conversas, e, de vez em quando, pedem que se lhes diga se quem vai ler já entrou (...). Então, finalmente, e só então, entram sem pressas e com todo o vagar. E nem sequer ficam até ao fim, mas retiram-se antes do termo, uns disfarçadamente e pé ante pé, outros com todo à vontade e descaramento. (...)
Agora, quem não tem nada que fazer, embora convidado com muita antecedência e muitas vezes avisado, não vem, ou, se vem, queixa-se de ter perdido o dia, uma vez que não o perdeu.
Em contrapartida, por maioria de razão, são de louvar e aplaudir aqueles a quem esta indolência ou altivez dos ouvintes não afasta da paixão da escrita e da leitura. Adeus.
Tradução portuguesa, de Sandra M.ª Candeias, in BEClássicos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Gladiadores